sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Crítico de arte de São Paulo

Telas com heróis chaplinianos. 

A beleza é a única coisa preciosa na vida. É difícil encontrá-la- mas quem consegue, descobre tudo” .As palavras do cineasta inglês Charles Chaplin poderiam ser a epígrafe de uma jornada pictórica pelas telas da pintora gaúcha Eleuza de Morais. Nas imagens do cineasta e nas criadas pela artista encontra-se a mesma atitude: a de buscar constantemente o belo, principalmente a partir de cenas cotidianas envolvendo homens comuns.

A principal característica pictórica de Eleuza, é o tratamento que dá a figura humana. Seus casais ,estejam se abraçando ou se beijando de olhos fechados, obrigam a repensar os mais diversos tipos de relacionamento entre homens e mulheres.

Ao se debruçar sobre personagens femininas, Eleuza cria um amplo universo de conotações. Ao mostrar uma mulher no quarto, indecisa entre o vestido e os sapatos que vestirá, a artista pinta o sexo feminino numa situação que provavelmente somente uma outra mulher poderia enfocar com tamanha precisão e simplicidade. O rosto de indecisão da retratada diz tudo o que se pode escrever sobre a relação de uma mulher com as roupas que usa e o que impressiona é como a artista chega a esta solução com poucos e seguros traços.

Nas pinturas de Eleuza o ser humano é desvendado em sua realidade mais nua. Fundo e forma se integram chegando a um resultado bem definido, com um estilo reconhecível, principalmente ao enfocar pessoas, vistos como herdeiros diretos de Charles Chaplin, inadaptados ao mundo que os rodeia. Assim ao dar vida pictórica a esses seres, a pintora os imortaliza como representantes imagéticos das indagações que permeiam todo ser humano.”

Oscar D’Ambrósio( São Paulo, Brasil)
Membro da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA - Seção Brasil).
Editor do Jornal da Universidade Estadual Paulista.
Autor de diversos livros de arte, entre eles “Os pincéis de Deus”  (Editora UNESP e Imprensa Oficial do Estado de São Paulo).