Dona de casa
Ai,aquelas louças sujas lá na pia...
As camas por fazer
a roupa pra lavar.
oh, meu Deus que agonia
essa tortura eterna de fazer
que chamam doce lar!
Lá fora o mundo cria.
Lá fora há espaço, lazer.
Dá até pra se soltar no ar.
Mas aqui dentro, que ironia, o automático vive em par.
Há um uniforme escrito Dia
e o pecado maior é desejar.
E receber.
Por isso, apruma-te. Silencia.
Põe logo a mesa do jantar.
Engole o pranto. Sorria.
É hora de servir.
E esquecer.
Poema publicado na Coletânea Poética Nacional, 1988, página32, Editora Realce, São Paulo. Escolhido por concurso literário.